Estamos com Ruy Espinheira Filho em Samarcanda. Não vamos longe de Ciméria ou de Pasárgada. Estamos com Manuel Bandeira e Oswaldino Marques. E por que não evocar a rua Lopes Chaves, que é o mesmo que dizer Mário de Andrade? A poucos passos da oficina irritada de Drummond. Toda uma constelação de eventos, ao que Ruy completaria: et in arcadia ego. Arcádia metafórica, bem entendido, viva, contemporânea, no registro forte da poesia brasileira, em cuja altitude se inscreve Samarcanda, com o soberbo rigor do artista, que sabe trovar claro, porque domina as formas do trobar clus. Ruy não se prende àquelas fontes. Aproxima-se para se afastar. Não subsistem aqui resíduos de uma angústia da influência. Samarcanda não está em parte alguma. É uma espécie rara de não-lugar. A única geografia capaz de abrangê-la talvez se desenhasse no coração da língua portuguesa, sob a diferença específica dos ventos que sopram neste livro. Chuva e tempestade. A longa paciência dos dias. E toda uma dimensão líquida e transparente nos modos de sentir. E de seus belos instrumentos. O corpo transparente da palavra assumida numa biografia aberta. É a obra mais livre e calculada de Ruy. Mais dolorosa e alegre. Mais aflitiva e serena. Temperada de ironia e comoção. Superou-se a si mesmo na altitude deste céu, na luz generosa das quatro vogais que produzem o som altivo e claro de Samarcanda.
Marco Lucchesi
Ruy Espinheira Filho, além de escritor, é jornalista, mestre em Ciências Sociais, doutor em Letras e professor de Literatura Brasileira do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal da Bahia. Nasceu em Salvador, Bahia, em 1942. Publicou diversos livros de poemas: Heléboro, Julgado do vento, As sombras luminosas (Prêmio Nacional de Poesia Cruz e Sousa), Morte secreta e Poesia anterior, A guerra do gato (infantil), A canção de Beatriz e outros poemas, Antologia breve, Antologia poética, Memória da chuva (Prêmio Ribeiro Couto, da União Brasileira de Escritores), Livro de sonetos, Poesia reunida e inéditos e Elegia de agosto e outros poemas (Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras, Menção Especial do Prêmio Cassiano Ricardo da UBE e 2º lugar no Prêmio Jabuti de Poesia). Lançou também vários livros em prosa: Sob o último sol de fevereiro (crônicas), O vento no tamarindeiro (contos); as novelas juvenis O Rei Artur vai à guerra, O fantasma da delegacia, Os Quatro Mosqueteiros eram três; os romances Ângelo Sobral desce aos infernos (Prêmio Rio de Literatura), Últimos tempos heróicos em Manacá da Serra e Um rio corre na Lua, e os ensaios O Nordeste e o negro na poesia de Jorge de Lima, Tumulto de amor e outros tumultos: criação e arte em Mário de Andrade e Forma & alumbramento: Poética e poesia em Manuel Bandeira.
O texto acima foi retirado do site da Bertrand Brasil.
Dia 10 estarei lá prestigiando o evento. Algumas meninas do Clube do Livro também irão. Caso queiram nos encontrar é só enviar e-mail.
Lembrando que no dia 11, o poeta estará na 3ª edição da Feira do Livro - Vão das Letras, às 9h no TCA. Vou tentar ir para esse evento também. Se eu não for, não de preocupem porque a Jennifer deve ir e depois nos conta como foi.
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Nat, vc está cada dia mais chique!!!!
ResponderExcluirBjs
opa \o/
ResponderExcluirsabado é confirmado, domingo ainda vou ver.
mas se eu não for uma das outras meninas do meu TCC devem ir.
Abraços e até sabado.
Essa Menina da Bahia... sei não viu!?
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Lóxu!
Nha Salvador é mto longe hahaha, e olha que tô louca pra comer um acarajé hahahaha
ResponderExcluirMiquiliss
Bru
Nossa que legal.
ResponderExcluirO livro Dança dos Sonhos é maravilhoso e deveriam retratá-lo no cinema. Ruth Bannion deveria ser vivida por Polina semionova e Nikolai Davidov por Friedemann Vogel. Seria inesquecível.
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