‘A descoberta do mundo’, livro lançado em 1984, reunindo as crônicas escritas por Clarice para o Jornal do Brasil, entre 1967 e 1973, vai virar longa metragem. Vida e obra da irrequieta escritora serão revisitadas no filme, que tem previsão de estreia para o segundo semestre de 2011.

O segundo dia da Feira Literária Internacional de Pernambuco (FLIPORTO) foi dedicado à Clarice. Palestras com biógrafos da escritora, lançamento do livro de crônicas “Clarice na cabeceira”, material selecionado e comentado por Teresa Montero, com Bianca Ramoneda e Joaquim Ferreira dos Santos, foram alguns dos acontecimentos do sábado.

Os participantes da última mesa do dia, ‘Clarice e A descoberta do mundo’, tiveram uma grata surpresa, a prima de Clarice, Vera Lispector estava na plateia. Vera brincou com Clarice durante a infância em Pernambuco, e é filha da tia da escritora, figura estimada e sempre presente na obra da autora.

A noite seguiu em uma atmosfera poética e apaixonada. Alguns participantes do filme, como a atriz, jornalista e professora pernambucana, Stella Maris Saldanha, relembraram o primeiro encontro com a narrativa de Lispector. “Lembro-me que aos 17 anos fui presenteada por uma amiga com um livro da escritora e fiquei encantada. Sou fã declarada de Clarice”, disse Stella.

Outro ponto alto e emocionante da mesa ocorreu quando a atriz, Cássia Kiss, interpretou um trecho da carta que Clarice escreveu para o amigo pernambucano, Augusto Ferraz. Cássia leu a carta com uma profundidade surpreendente e mudou a voz para assemelhar-se à fala característica de Lispector.

De acordo com Cássia, para ler Clarice ela às vezes precisa voltar 10, 12, 15 páginas na tentativa de entender o universo Clariceano. “É preciso mergulhar em seus livros para tentar compreendê-la”, falou a atriz, que se emocionou com o convite para interpretar Clarice na telona. O lançamento do documentário ficcional está previsto para o segundo semestre de 2011.

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Texto: Marcela Balbino

Foto: Marcela Balbino