"Apesar de tudo o que tinha feito naquela noite, não me arrependi. Era pecado, era perdição, mas também era mais do que eu já tinha sonhado em ter."
Oi Gente! Sentiram falta das minhas resenhas? Passei por um período bem apertado em meu trabalho e como não tinha tempo para resenhar, quase não li livros esses últimos meses, fiquei apenas nos vícios dos filmes e doramas. Mas eis que estou voltando ao ritmo normal e não poderia ser com um livro e autora melhor para essa ocasião: Pecadora (Editora Planeta, selo Essência, 2017, 384 páginas) de Nana Pauvolih, de quem sou muito fã.
Quando esse livro foi lançado ano passado eu fiquei super curiosa e ansiosa para ler, sua capa e sinopse me instigaram muito. E quando ele chegou furei a fila e o li em dois dias. Mas nada do que pensei ou esperei foi realmente o que encontrei. Foi melhor do que imaginava e conto um pouco agora para vocês do que achei.
Nossa Pecadora é a Isabel, uma jovem muito religiosa de 22 anos que foi criada de forma muito rígida, dentro de uma religião criada por seu pai que não aceitava o que ele entendia como “liberdades” nas outras igrejas que frequentaram. Crescendo em uma casa protestante com regras e princípios bem restritos, onde tudo era pecado para seu pai, festejar aniversários, fazer passeios, ir ao cinema, era um provável caminho para se chegar ao pecado e consequentemente ao inferno. E foi nesse clima, da igreja para casa e vice-versa, que Isabel e suas duas irmãs mais velhas, Ruth e Rebeca cresceram.
Ainda muito nova, depois de passar pela situação traumática de ver sua irmã ser expulsa de casa, por não agir de acordo com as regras, Isabel se casou com Isaque, obedecendo seu pai e hoje vive em um casamento que parece ser perfeito, mas onde ela não tem vontade própria, não encontra felicidade em apenas servir ao marido na casa e na cama, sem ter o direito de se satisfazer em todos os sentidos. E Isabel começa a se sentir em conflito com seus desejos, sua criação, vontade de viver o que não conhece.
A necessidade de obedecer aos pais e de seguir as convicções da criação opressora com frequência batiam de frente com o desejo de ser uma jovem mais livre, e de experimentar os pequenos prazeres da vida. Isso sempre despertava diversas dúvidas em Isabel.
A reviravolta do livro começar a tomar forma quando Isabel vai trabalhar na empresa de Enrico, amigo de seu esposo Isaque. Uma amizade bem contraditória, pois onde Enrico é um liberal e namorador que gosta muito de sexo, Isaque é conservador, machista e extremamente religioso.
No momento que conhece Enrico, Isabel se vê bastante atraída por ele e esse desejo a faz questionar a vida que vive e até pensar em ultrapassar o limite do certo e errado que tanto seguiu à risca.
Pecadora é um livro mais sensual, do que sexual e confesso que isso me surpreendeu, pois sou leitora e fã de Nana Pauvolih e seus livros sempre tem um conteúdo erótico muito forte, muito explicito e nesse livro isso não foi o foco. A história da personagem, seus conflitos e desejo de se reconhecer foram mais relevantes. O livro aborda um tema delicado que é religião, a fé em Deus e a autora soube escrever sobre isso de forma muito singular. Com muita segurança, sutileza e naturalidade, transformou um romance classificado apenas como erótico em um livro que fala sobre sexo e sobre Deus de maneira sensível.
"Comecei a questionar por que eu não podia fazer certas coisas, mas, tendo sido tolhida pelos meus pais, aprendi a me calar e aceitar. Só não aprendi a silenciar minhas dúvidas e os desejos."
A história nos mostra todos os lados e ponto de vista que envolvem uma possível traição. O que leva uma pessoa a sentir impelida a trair. É apenas sexo e desejo? É porque não está feliz com o casamento e a vida que tem? Sempre temos o dedo pronto para apontar aquele que trai e para consolar aquele que foi traído. Mas que circunstancias e fatos da vida levaram ambos para passar por essa situação?
Isabel é uma mulher inteligente, bondosa e muito temente a Deus, não é uma mulher promíscua, pelo contrário, é tímida, reservada, solitária. Mas é uma mulher como outra qualquer que anseia pela felicidade, por sentir prazer, por ter um marido que goste de satisfaze-la. Seria tão errado pensar assim?
Do outro lado temos Enrico, um personagem que me surpreendeu bastante, pois sua descrição inicial me fez pensar que ele seria um homem libertino e sem escrúpulos e regras. E isso é bem distante da realidade, seu bom senso, sua inteligência, generosidade e paixão (em todos os sentidos) me conquistaram.
" Quando eu beijo você... Quando eu respiro você... Eu sinto você Isabel"
Houve momentos em que senti vontade de entrar no livro e ter uma conversa com Isabel, diante de tantos dilemas e questionamentos sobre o que é pecar ou não. Mas levando-se em consideração a sua criação e estrutura familiar é perfeitamente compreensível. E esse esclarecimento é algo que ela teria que descobrir sozinha para poder viver bem consigo mesma.
Te convido a ler Pecadora e abrir sua mente para novos pontos de vista, nova forma de sentir e pensar. Claro que indico a você se gostar de romances sensuais, porque esse é o gênero do livro, e não posso te enganar, porque a Nana tem um talento para cenas quentes e inspiradoras. Mas se você não tem pudores literários e possui muita curiosidade, assim como eu, leia esse livro e depois de concluir sua leitura volta aqui para me contar o que é pecado para você.
"Dedico Pecadora a todas as mulheres. Que nós possamos perceber nosso corpo, nossos desejos e nossos sonhos não devem ser suplantados por nenhum tipo de preconceito ou infelicidade." Nana Pauvolih
Bjos e até a próxima!
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