Olá, pessoas!
É sobre o livro A Luz que Perdemos (Editora Arqueiro, 2018, 272p) da autora Jill Santopolo que venho falar hoje, era um livro muito aguardado por mim e eu estava com altas expectativas, e desde já, aviso que essa resenha vai ser um tanto negativa, então se decidir continuar vou tentar não contar nenhum spoiler.
"Beijá-lo no meio de uma tragédia, de uma carnificina, me pareceu ser ao mesmo tempo absolutamente certo e errado. Contudo, me concentrei na parte que achava certo, como sempre faço."
Lucy e Gabe se conhecem no dia 11 de setembro de 2001, na manhã do atentado as torres gêmeas em Nova York e esse dia marcou profundamente a vida de ambos, foi nesse dia que criaram um forte conexão e nesse dia também decidiram fazer a diferença no mundo de alguma forma.
Após um ano eles se reencontram e a mesma conexão, atração e desejo que sentiam um pelo outro na manhã do acontecimento horrível do 11 de setembro reacende, e dessa vez, eles começam um relacionamento intenso e apaixonado.
Tudo parecia perfeito, mas então Gabe decide fazer o que sempre sonhou e ficar em Nova York não iria suprir a necessidade que ele tinha de fazer algo significativo. E ele acaba sendo enviado para o Oriente Médio como fotojornalista deixando Lucy pra trás. A trama segue e nós vamos acompanhando a jornada desses personagens, suas escolhas e sacrifícios, a dor que foi acompanhada do amor, e as consequências que tiveram de enfrentar.
"Alguns relacionamentos parecem um incêndio na mata: intensos, magestosos, irresistíveis, perigosos, capazes de te queimar antes que você perceba. Outros são do tipo fogo de lareira: sólidos, estáveis, confortáveis, acolhedores, nutritivos."
Pra mim A Luz que Perdemos poderia ser dividido em três grandes momentos, o primeiro é quando Lucy e Gabe se conhecem e voltam a se encontrar depois de um ano, mais ou menos uns 30% da leitura e essa foi minha parte favorita do livro todo; o segundo momento retrata a vida de Lucy sem Gabe, Lucy sofrendo por Gabe, Lucy comparando seu novo namorado em tudo com Gabe, Lucy não se permitindo ser verdadeiramente feliz sem Gabe, Lucy construindo uma vida e se realizando profissionalmente, mas ainda sentindo aquela parte que faltava, o Gabe, e isso durou por 13 anos e pra mim foi desgastante e estressante ver Lucy dessa maneira ano após ano, foi a pior parte do livro e eu me arrastei pra chegar nos últimos 20% de leitura, e quando cheguei no último grande momento da trama foi pra chorar de tristeza, raiva e frustração, fiquei revoltada e com um aperto no peito que permanece enquanto escrevo essa resenha.
Apesar da história de Gabe e Lucy não ter me feito meu coração aquecer, quero falar o quanto gostei da escrita da Jill Santopollo, a narrativa é simples e fluida, os capítulos são curtos e diretos e isso me agradou muito, é inteiramente narrado em primeira pessoa pela Lucy que nos conta toda a sua história com Gabe de forma meio poética.
"O amor faz isso. Faz você se sentir invencível e infinito, como se o mundo inteiro estivesse à nossa disposição, tudo pudesse ser conquistado e todo dia fosse repleto de maravilhas. Talvez porque nós abrimos para alguém, nós deixamos penetrar pelo outro. Ou talvez seja se doar tão profundamente a outra pessoa que o coração da gente se expande."
Sobre os protagonistas, Lucy foi uma personagem bem difícil pra mim, inicialmente tinha gostado dela, a forma como ela ia contando os fatos era instigante e bonito, mas depois ela só parecia a casca daquela pessoa do início e isso é triste, ela me deixou angustiada. Já Gabe, primeiro eu gostei dele também, achava ele tão cativante e charmoso e até pensei que ele seria o tipo de personagem que eu iria me apaixonar loucamente, depois o achei egoísta e por fim eu apenas senti que não o conheci de verdade. E os personagens secundários não tiveram tanta participação na trama, salvo Darren que se tornou bem presente na vida da Lucy, mas nem ele me conquistou. Provavelmente eu esteja sendo muito crítica e me desculpem por isso, mas pra um livro com críticas maravilhosas eu não esperava nada menos que incrível, e Lucy me irritou profundamente pra eu achar essa história sequer boa. Eu senti empatia por ela em muitos momentos e queria que tudo ficasse bem, mas tudo tem limite e a Lucy não procurava superar e depois as coisas ficaram mais complicadas, suas escolhas e atitudes bateram de frente com meus conceitos de certo e errado, então, sinceramente, senti vontade de gritar de frustração muitas vezes.
Mesmo que A Luz que Perdemos não tenha me feito suspirar e eu não tenha achado o conteúdo incrível, não posso deixar de falar do trabalho impecável da editora Arqueiro nessa edição, a capa desse livro foi o que me fez querer ler, achei tão linda quando vi, e quando o livro chegou em casa pude ver melhor os detalhes, o material da capa tem uma textura um pouco mais áspera que é gostoso ao toque e o tom de azul usado é bonito e combina com a silhueta do casal e o panorama da cidade em dorourado liso que contrasta com a parte azul mais grossa da capa, a única ressalva é a fonte usada na contracapa e orelhas do livro que dificultam a leitura. Quanto a diagramação está simples, com páginas amareladas e confortável para leitura.
"Será que cada um de nós só recebe do mundo uma quantidade limitada de coisas boas?"
Esse livro deixou um gosto amargo na minha boca, talvez minhas expectativas estivessem muito altas e isso atrapalhou, e eu passei mais de 50% da leitura frustrada com os caminhos que a autora escolheu traçar para os personagens, ou talvez esse só não era o livro certo pra mim que esperava um romance arrebatador, algo mais impactante de um jeito diferente do que aconteceu.
Eu sei que dizer isso pode não parecer tão verdadeiro depois das minhas criticas, mas A Luz que Perdemos não é um livro de todo ruim, tanto que só vi ótimos comentários sobre ele, e a história de Gabe e Lucy deixa uma mensagem e me fez refletir muito, no final mexeu comigo e com minhas emoções, porém não foi o suficiente pra eu dar uma nota maior já que algumas coisas não funcionaram direito pra mim nessa história. E como a escrita da autora me agradou muito, pretendo ler seu próximo lançamento que vier.
"Toda vez que encontro você o mundo está em pedaços."
Não deixem de ler A Luz que Perdemos por causa dessa resenha porque é uma opinião bem pessoal, não deixa de ter um romance bonito, é uma história de amor antes de mais nada que nem a distância ou o tempo pode apagar, e tenho certeza que irá conquistar muitas pessoas.
"Você me marcou. Sabia? Você. O 11 de Setembro. Quem sou, as escolhas que fiz, devo a você. Por causa daquele dia."
Classificação: 2 estrelas ★ ★
Beijinhos e até a próxima!