Lá vamos nós para mais uma resenha e desta vez, eu tentei, juro que tentei não ser tão rude. Mas, porém, no entanto, todavia. Fico me perguntando quais são os parâmetros para lançamentos de livros atualmente.
Já disse que te amo? (Editora Arqueiro, 2019, 336p.) da autora Estelle Maskame. É um típico romance Young Adult clichê, mocinho bad boy, popular, que namora a menina também popular, que caga regra etc. A mocinha ingênua que está descobrindo as coisas agora, se apaixona por ele e o resto vocês já sabem.
O que me incomodou não foi o romance ser clichezão, mas ter temáticas problemáticas sendo romantizadas. Estamos em 2019, esse tipo de coisa não é mais aceitável. Ainda mais quando o público-alvo é adolescente e pode achar que aquele comportamento é normal. Jovens bebendo e se drogando, desrespeitando pais...
Eden tem dezesseis anos, sai de Portland para passar o verão com o pai que mora em Los Angeles, após três anos que não o vê, desde a separação dos pais. Tudo o que ela sabe sobre a nova vida dele é que está casado e que tem três enteados.
O grande problema dela, é a ingenuidade e a permissividade. Eden é uma pessoa que não sabe dizer não, para nada e nem ninguém. E por mais que aquilo seja errado, ela prefere aceitar à aborrecer a pessoa. Esse comportamento dela foi assim com todos ao seu redor.
E então, ela se apaixona por Tyler o mais velho dos seus irmãos postiços do nada. Não vi motivo em especial que fez ela despertar esse interesse romântico no Tyler, sendo que o mesmo em todas as oportunidades foi um babaca de marca maior com ela. Não só com ela, mas com a mãe, o padrasto, com a namorada e com os amigos.
Aliás a permissividade (palavra que poderia descrever o livro) da mãe dele chega a ser irritante. Entendemos que ele tenha tido problemas por causa do pai que está preso, mas nada justifica o fato dele agir com total desrespeito com ela. No fim do livro a gente descobre várias coisas a respeito disso, mas não justifica o comportamento desrespeitoso que ele tenha perante as pessoas.
Tanto que por diversas situações, ele colocou Eden em maus bocados, o pai dela pensava o pior sobre a filha porque ela aceitava mentir para acobertar os erros de Tyler.
O que me incomodou, foi ver o quanto ela percebia que tudo o que estava fazendo era errado, que gostar de Tyler era errado, que a forma como ele a tratava era muito errado e simplesmente fazer a Katia Cega porque romantizar relacionamento tóxico na cabecinha adolescente da autora é a coisa mais natural do universo.
Entendo que ela quando escreveu a história era adolescente, numa época que outro livro semelhante estava no hype, que histórias com mocinhos “bad guys” estavam no hype, só que o tempo passa e as pessoas evoluem. Ela poderia adaptar a história sem perder a essência que fez quatro milhões de pessoas lerem inicialmente. Porque é muito preocupante que esse tanto de gente tenha lido e achado super natural várias coisas problemáticas.
Quando você é adolescente e escreve para adolescentes, rola uma identificação por conta das vivências. Mas quando você cresce e escreve para adolescentes, precisa tomar um cuidado redobrado, porque esta é uma fase extremamente influenciável.
No mais, apesar dos pontos negativos, tem alguns muito positivos, como os personagens secundários, Rachael, Dean, Meghan, a mãe dela e os irmãos postiços Jamie e Chase, além das paisagens e passeios que eles fazem por Los Angeles, Eden faz com que a gente compartilhe a sensação de conhecer algo novo junto com ela. Eles fizeram a diferença para que a leitura fluisse bem. O livro tem continuação, mas ao meu ver, esse livro poderia ser único se tivesse algumas mudanças necessárias. De novo o hype, quando ela escreveu estava muito na moda ter trilogias e séries.
Enfim, essa é uma daquelas resenhas que eu fico triste, porque me doi muito não gostar de um livro, que tinha muito potencial para ser incrível. Em nenhum momento quis desrepeitar os trabalhos da autora e das editoras envolvidas, vejo mais como um alerta mesmo. Mas é isso, um beijo enorme e até a próxima!!