Uma Loucura e Nada Mais- Mary Balogh


Olá, pessoal!

Estava com saudade de aparecer por aqui, fazia tempo que não trazia resenha e hoje venho falar do último romance de época que li, Uma Loucura e Nada Mais (Ed. Arqueiro, 2019, 272p.) da Mary Balogh. Terceiro volume da Série Clube dos Sobreviventes.

"A vida tem o hábito de ser assim, dar e tirar em igual medida, um equilíbrio de opostos."
Nesse terceiro livro da série vamos conhecer a história de Sir Benedict Harper, oficial de carreira e um dos sobreviventes das Guerras Napoleônicas. Ben, como gosta de ser chamado, sofreu um grave acidente durante a guerra e foi marcado por sequelas físicas e emocionais. Devido ao acidente, Ben, quase perdeu as pernas, mas com muita determinação e contra as opiniões médicas, ele conseguiu voltar a andar com auxílio de muletas. Seus amigos que se intitularam como o clube dos sobreviventes também o ajudaram durante todo o processo de cura. E agora, três anos depois, Ben, vive um impasse, tendo que lutar para tomar as rédeas de sua vida, tomar decisões que vão decidir seu futuro, tomar posse de sua propriedade em Kenelston que está sendo administrada pelo seu irmão caçula, e tentar levar uma vida normal mesmo com suas limitações.

Porém, livre dos campos de batalha, não poder mais comandar seus homens, não estava nos planos de Ben, e ele se sente incompleto e deprimido por não estar mais no exército e não sabe o que fazer em seguida. Procurando um novo sentindo para a sua vida, Ben vai passar um tempo com sua irmã enquanto decide seus próximos passos, e é então que ele conhece Samantha.

Samantha McKay é uma jovem viúva, que dedicou anos de sua vida a cuidar do marido ferido na guerra até ele morrer. Há quatro meses de luto, ela vive uma vida oprimida pela família do marido falecido, morando com a cunhada que a vigia de perto e a obriga viver em luto profundo, Samantha não tem vida, não pode sair de casa, receber visita, ir a igreja, até suas roupas de luto são escolhidas pela cunhada. Mas, seu destino muda quando sai para um passeio às escondidas com seu cachorro.


Conhecer Ben naquela tarde muda a vida de Samantha, apesar de eles terem começado com o pé esquerdo, logo Ben se torna um amigo e alguém a quem ela pode confiar.

"Às vezes é bom simplesmente se esquecer de tudo o que talvez se devesse lembrar, e simplesmente viver o momento."

Samantha está determinada a fugir de tudo que a oprime, pois, a ideia de passar a viver com o sogro a deixa aterrorizada, então ela cria um plano para fugir das garras da família McKay e ir em busca de uma casa que herdou de sua mãe há muito esquecida no País de Gales. Ela sabe que viajar sozinha pode ser muito perigoso para uma mulher e é então que acaba aceitando a oferta de Ben para lhe acompanhar.

Eles não fazem ideia da mudança que irá ocorrer em suas vidas ou o que encontrarão no final da viagem. E apesar da atração que eles sentem um pelo outro, eles sabem que não é algo que irá durar, já que Ben vai apenas acompanhar Samantha em segurança até o País de Gales e depois seguir viagem de voltar para casa.

Nessa jornada Samantha irá em busca da sua independência e a chance de viver uma vida onde ela é feliz, e para Ben é a oportunidade para se reencontrar, se libertar da lembrança constante de suas limitações, e encontrar a redenção. Juntos, eles irão descobrir que o amor também pode ser perfeito para curar algumas feridas.
"Costumamos presumir que a vida é muito mais fácil para os outros do que para nós mesmos... Suspeito que raramente seja. Eu diria que a vida não foi feita para ser fácil."
A cada livro que leio da Mary Balogh mais gosto da forma como ela constrói suas histórias e personagens, em Uma Loucura e Nada Mais não foi diferente, eu me encantei pela trama. É engraçado como comecei o livro não dando muito por ele e terminei mais uma vez com um sorriso no rosto.

Ben, é um personagem tão humano, um homem marcado pela guerra tentando se erguer, tentando se sentir homem novamente, e foi lindo acompanhar como seus passos incertos em busca de algo significativo foram se tornando mais firmes e ele foi encontrando mais sentindo em sua vida. Samantha também tem uma história de vida nada fácil, dedicou sua vida ao marido e não recebeu de volta o amor que entregava a ele, sem ninguém a quem recorrer em momentos de solidão e tristeza, presa numa família com regras tão rígidas que quanto mais infeliz ela parecesse, melhor, e apesar da infelicidade, ela é uma mulher forte e determinada, que quando a vida que vivia se tornou demais, ela decidiu ir contra tudo que estavam impondo a ela e ser feliz, ela não se fechou e nem abandonou seus sonhos e desejos do seu coração.

Ben e Samantha florescem juntos, aprendem um com outro, e percebem que mesmo com os obstáculos e dificuldades que passaram, isso não dita o futuro, e que tudo se ajeita com o tempo e as coisas se encaixam quando a gente menos espera.


Particularmente, amei como o relacionamento deles foi construído, do jeito que eu tenho gostado cada vez mais, sem ser rápido demais. Ver os sentimentos que eles sentiam um pelo outro evoluir e se tornar mais do que apenas atração sexual foi muito gratificante, o desejo estava ali, claro, mas Mary se preocupou muito em construir as coisas mais lentamente, e quando o relacionamento deles evoluiu de amizade pra romance foi natural e coerente, nada forçado.
"A dor não é insignificante. Tampouco a perplexidade ou o medo. Ou condições como pobreza ou falta de moradia. Mas em algum lugar, em algum lugar, há paz. E nem é um lugar distante. Esse lugar está bem dentro de nós, sempre presente, na verdade, apenas esperando olharmos para dentro para encontrá-lo."
A edição da editora Arqueiro está linda, as páginas são amareladas, a fonte, o espaçamento entre linhas e o tamanho é agradável para leitura. Sobre a capa, acho que me acostumei com esse estilo, não acho linda, mas passei a gostar, principalmente das cores, e os detalhes florais num tom clarinho que deixam a capa delicada me agrada bastante.

A escrita da Mary Balogh é fluida, gostosa e simples. Ela consegue passar emoção e sinceridade nas suas palavras e nos envolve na trama. Os diálogos entre os protagonistas são inteligentes e mostram muito bem a personalidade de cada um, a interação entre eles era sempre muito bem desenvolvida e legal de ler. Foi maravilhoso rever os membro do clube dos sobreviventes, sério, esse grupo de amigos são incríveis e é impossível não se apaixonar por cada um deles cada vez mais.

Uma Loucura e Nada Mais foi uma leitura muito gratificante que deixou um sorriso no meu rosto, e o meu coração cheio. É um romance de época com personagens lindos e falhos, com medos e inseguranças, bem gente como a gente mesmo. É um livro que deixa lindas lições de vida sobre pessoas feridas e marcadas por acontecimentos trágicos em busca de um novo recomeço.

"É que a liberdade é uma dádiva preciosa... A pessoa deve usá-la para fazer aquilo que mais quer, desde que não machuque ninguém. Contudo, quase nunca somos autorizados a agir livremente, não é? Há sempre alguém ou alguma regra ou convenção que diz - não, isso não, de jeito nenhum. - E assim seguimos as regras sociais, negamos a liberdade que nos foi concedida e perdemos a chance de ter alguma felicidade."

Por fim, não poderia deixar de recomendar, é uma leitura que vale a pena, a autora tem feito um trabalho único e lindo nessa série, e a cada livro só fica melhor.

Espero que tenham gostando da resenha.

Beijinhos e até a próxima!

Classificação: 4 estrelas ★★★★ 













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