- Encontraremos você – disse Emerson.
- Não encontrará – disse Reacher. – Ninguém nunca conseguiu isso.
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Um franco-atirador. Seis disparos. Cinco vítimas. Assim começa O Último Tiro, de Lee Child (Bertrand Brasil, 406 páginas, R$ 49,00). Todos os livros do autor têm como personagem principal Jack Reacher; todos viraram bestsellers. Child ganhou importantes prêmios literários, como Anthony e Barry na categoria Melhor Mistério (para iniciantes), e também Barry e Nero por melhor romance policial.

Uma chacina em horário de pico. A princípio a polícia não sabe o que fazer, mas então as provas começam a aparecer, o assassino deixou vários rastros e esses rastros se conectam em sequência, não deixando dúvidas sobre o autor dos disparos. É um trabalho perfeito da polícia. Tudo se encaixa.

James Barr, ex franco-atirador do exército, foi preso horas depois da chacina. Suas botas continham fragmentos de cimento do local. Suas digitais estavam no cone do estacionamento (o assassino parou seu carro no segundo andar de um prédio-garagem), em moedas no parquímetro e seu carro foi identificado. Não restava dúvidas sobre ele ser o autor. No entanto, ele se recusava a confessar e só declarou duas coisas: 1- Vocês pegaram o homem errado, 2- Procure Jack Reacher. E isso foi toda a informação que a polícia teve até ele ser transferido e ser espancado. Agora, estava com amnésia.

Quem é Jack Reacher? A única certeza que a polícia tinha era que ele foi um militar. Ele não possuía bens, não tinha seguro social, cartões de crédito, nada. Era um fantasma! Jack só era encontrado quando queria, a sorte é que ele tem contas a acertar com James Barr. Barr já havia feito aquilo antes e, dessa vez, Jack teria certeza que ele nunca mais mataria alguém.

Chegando à cidade - onde o crime ocorreu - Jack percebe que está tudo certinho demais. Tudo perfeitamente interligado e isso o incomodava. Se tivesse alguma discrepância na investigação ele acharia. Ele era o melhor nisso. O problema é que alguém não estava gostando dessa interferência.

O Último Tiro é um thriller super empolgante. Child trabalha com análise comportamental e investigação da cena do crime, é praticamente uma mistura de CSI com Criminal Minds (meu tipo de romance policial favorito). O autor pensou nos mínimos detalhes e junto com Jack montamos a cena, analisamos os fatos e procuramos outros possíveis suspeitos, além de James Barr.

Jack é arrogante, seguro de si e, eu diria, até metido. Extremamente inteligente e meticuloso, ele é bom no que faz e faz questão de dizer isso. Ele é uma sombra, só o acham quando ele quer. Ele é o típico herói fora de padrão. Não é santo e não hesita em matar.

A trama é simples, e a grande sacada de Child é justamente trabalhar com uma série de combinações que, à primeira vista, parecem coincidências, mas que num estudo mais detalhado mostrará que nem tudo é o que parece. E isso é instigante, não dá para parar na metade de uma investigação excitante.

A cota de personagens é excelente. Delegado, mulher querendo provar a inocência do seu irmão, promotor querendo se eleger, advogada iniciante querendo vencer seu caso, âncora de um telejornal atrás de um furo de reportagem, agente do pentágono, ex-fuzileiro naval, drogados, criminosos escorregadios e claro, ele, Jack Reacher, no centro de tudo.

Leiam, sem medo, vocês irão adorar. Jack Reacher é Hercule Poirot dos tempos modernos!

Obs.: O Último Tiro foi originalmente lançado no Brasil em 2005, com o nome de Um Tiro.  O filme, baseado no livro, chega aos cinemas brasileiros em 11 de janeiro de 2013 (estrelado por Tom Cruise) e por isso a nova edição com capa movie tie-in.