A cidade sombria - Catherine Fisher



- Se eles descobrirem quem somos, conte a verdade. Você nos conheceu há dois dias. Não fazia ideia de que éramos guardiões.
Ela deu uma risadinha e prendeu os cabelos atrás da orelha.
- Não se preocupe comigo. Sou uma ótima mentirosa.
Pág. 155

Antes de começar a ler a resenha, escute o que Catherine Fisher tem a contar sobre esse livro, seu relato será de grande ajuda para entender a jornada.


À princípio parece um livro distópico. Um mundo pós-apocalíptico onde há um grupo repressor e aqueles que não aceitam as regras impostas e são caçados. Mas ei, estamos falando de Catherine Fisher, que brilhou com Incarceron e Sapphique e nada em sua narrativa é simples. Há sempre motivos ocultos e grandes.

A cidade sombria, primeiro livro de um quarteto, se passa em um mundo chamado Anara. Os habitantes originais de Anara são os Sekois, mas o mundo foi colonizado pelo que eles chamam de Criadores. Os Criadores se foram há muito tempo e os guardiões fundaram uma ordem para preservar o que foi deixado. Mas os Vigias (como se fossem um exército do mal) destruíram a ordem e praticamente dizimaram os guardiões. Alguns ainda estão vivos, mas são caçados brutalmente.

Galen Harn é um guardião, um Mestre das Relíquias, sua função é preservar as relíquias de Anara, ou seja, a tecnologia deixada pelos Criadores. Atualmente, ele vive escondido com seu pupilo, Raffael Morel. Sempre que imagino Galen, lembro de Merlin. Os guardiões possuem magia e através do terceiro olho podem fazer grandes coisas, desde criar luz, realinhar o tempo, como descobrir o nome de uma pessoa. Eles também podem construir linhas de proteção (algo estilo ao poder de Bella, depois que ela vira vampira).

Galen e Raffi são nômades, mantem-se em constante vigília e peregrinam, para não serem encontrados, torturados e mortos. Galen, depois de um terrível acidente com uma relíquia, perdeu seus poderes, não escuta nada e nem conversa com a natureza; definha pouco a pouco, algo que preocupa Raffi. Um dia, em um dos esconderijos, aparece um homem que diz ter encontrado uma relíquia e procura um guardião para ir busca-la. Mesmo sem seus poderes, Galen sabe que precisa ir, mesmo que seja uma armadilha. Juntos, eles partem para uma outra cidade. Lá, descobrem que tudo é uma armadilha e eles precisam buscar algo na cidade sombria, Carceron.

Carceron é uma cidade perigosa, rondada por vigias e é praticamente suicídio ir para lá. Mas lá também está o Corvo. O Corvo é a ponte de comunicação entre os habitantes de Anara e os Criadores, ninguém sabe se é humano, animal ou alguma outra coisa. Todos acreditavam que ele estivesse morto, mas a verdade é que ele vive em Anara e Galen precisa da ajuda do Corvo para recuperar seu poder.

A cidade sombria, de Catherine Fisher (Bertrand Brasil, 336 páginas, R$ 39,00) é o relato de uma jornada; jornada na qual conheceremos personagens importantes, como Carys Arrin, uma Vigia iniciante, que tem como missão capturar Galen e Raffi vivos ou mortos, mas ao atuar como espiã e se fazer de amiga, irá descobrir que sua vida foi regada à mentiras contadas pelos Vigias e que os Guardiões possuem magia verdadeira, que eles não sao falsários ilusionistas (coisa que os Vigias explicaram e o motivo pelo qual deviam caçá-los, porque eles eram embusteiros). E ela agora precisa descobrir de qual lado estará e se ajudará os Guardiões ou Vigias.

Outro personagem de destaque é o Sekoi. Os Sekois adoram duas coisas: contar histórias e ouro. Roubam e dão qualquer informação por um punhado reluzente, e eles serão de importante ajuda para esse trio, em especial um Sekoi ladrão.

Uma das coisas que mais gosto nas histórias de Catherine Fisher é seu dom de misturar fantasia sombria com poesia. No início, o leitor não entende bem o mundo criado por ela, não só aqui, mas em outras séries, como Incarceron, mas à medida que a leitura flui, você vai juntando os pedaços e no fim tudo faz sentido. Imagine poder criar todo um mundo? Imagine um lugar sombrio, com água suja e comida escassa, com tempestades de fogo? Agora imagine que algumas pessoas têm fé e esperança e que essas mesmas pessoas irão fazer de tudo para fazer seu mundo se tornar um lugar melhor? Levar luz à escuridão através de uma jornada de perigos e, por que não, autoconhecimento.  É disso que se trata A cidade sombria, um livro YA com conteúdo e enredo inteligente.

Outra característica já conhecida da autora são os famosos inícios de capítulo. E esse não foge à regra, há sempre um poema, profecia ou relato meio poético, ajudando a dar o ar sombrio e os tons de cinza à história. Vale dar uma lida em Círculo Negro, outro livro da autora publicado também pela Bertrand Brasil.

Série "O Mestre das Relíquias":

1. A cidade sombria 
2. A herdeira perdida
3. A corda oculta
4. O Margrave 

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