"A vida é engraçada. Em um instante estamos pisando no chão com uma sensação de segurança, uma estabilidade reconfortante e, então, num piscar de olhos tudo desmorona, você não consegue mais ficar de pé e só o que deseja é ter sua antiga vida de volta. Mas, passado um tempo, você descobre que não é mais a pessoa que era, e que as coisas que aconteceram fizeram você ver tudo de uma forma mais crua, porém real; e que, se quiser sobreviver, precisará encarar isso. "
Olá Pessoas! Tudo bem com vocês?
A resenha de hoje é sobre um livro que eu me apaixonei lendo a sinopse, porém eu não imaginava que iria me surpreender tanto. Sério gente, vocês já sabem do abismo que eu tenho por livros de drama/drama que ferra com o psicológico né?! Mas O garoto quase atropelado ( Faro Editorial, 2015, 272 páginas) faz parte de um grupo seleto, daqueles que a gente fica refletindo todas as ações da vida enquanto lê.
Logo na introdução tem a "descrição" de quem poderia ser o garoto quase atropelado e sem brincadeira, depende quem lê para tirar tal conclusão. Pois, pode mesmo ser o seu vizinho, o seu melhor amigo, um colega de trabalho, você ou todos juntos! Não sabemos o nome dele, justamente por causa disso, mas sabemos que ele tem 17/18 anos (o mais curioso foi que eu comecei a ler o livro no dia do aniversário do protagonista), seus pais são separados, mora com a mãe e o irmão mais velho. Até então, uma descrição da vida da maioria dos jovens dessa idade, mas aí começam os diferenças dele para com a maioria: ele perde alguém muito querido, para de frequentar a escola, está em tratamento para vencer a depressão e não tem mais amigos, ou melhor, não tinha...
Até quase ser atropelado enquanto pedalava a velha bicicleta do irmão, nas dependências do condomínio onde mora e conhecer a atropeladora, vulgo Cabelo de raposa. A amizade deles não começa aí, porque embora esse livro seja de ficção, tem situações muito reais, como por exemplo você quase ser atropelado e não fazer amizade logo de cara com quem te atropelou, mas isso não impede de se apaixonar à primeira vista né?!
"Cabelo de raposa parecia de novo um anjo. Tudo bem que um anjo rebelde, que tinha cara de fumante e deliberadamente desbocada. Mas mesmo assim, um anjo, em todas as suas imperfeições perfeitas."
À primeira, à segunda e quantas vezes ele pudesse ver a Cabelo de raposa. Devaneios à parte ele a reencontra numa hamburgueria e dessa vez ela estava acompanhada dos amigos, que ele logo apelidou de James Dean não tão bonito e a Menina de cabelo roxo. Eles brincavam com a garçonete do local, enquanto o garoto apenas os observava a distância, querendo compartilhar da mesma piada, e eis que ele não se conteve e riu de uma situação junto, o que chamou a atenção do trio.
Os três eram amigos de infância, se completavam, ou acreditavam nisso. Mas no momento que conhecem o garoto (vou passar a chamá-lo assim, porque como ele não tem nome, fica comprido demais eu escrever toda hora, ok?!) é como se antes eles fossem incompletos. Na verdade eram mesmo. Aos poucos vamos descobrindo o nome de cada um: a Cabelo de raposa é a Laís, o James Dean não tão bonito é o Acácio e a Menina do cabelo roxo, a Natália.
Bom, assim como eles foram apresentados ao Garoto, eu me encarreguei de apresentá-los à vocês. Pois, a partir desse momento no livro qualquer coisa que eu falar aqui, posso dar spoiler, mesmo sem querer. Portanto tomarei todo cuidado necessário para que isso não aconteça.
Minha impressão sobre esse livro são as melhores possíveis e imagináveis. A forma como o enredo é construído faz você esquecer tudo o que está ao seu redor, para se concentrar apenas nele. As músicas citadas* ajudam muito nisso. E eu fico sempre tão feliz quando autores citam músicas nos livros e elas fazem parte da minha playlist cotidiana, é como se eu fizesse parte da história. Com O garoto quase atropelado, eu de fato me senti não só a protagonista, como os demais personagens também.
O fato do Garoto ser aconselhado a escrever um diário durante 30 dias, para que ele possa por no papel o que passa na cabeça, ajuda não só ele como ao leitor, a compreender essa linha tênue entre a vida e a morte. E saber lidar não só com isso, mas ver/ ouvir que na maioria das vezes, os problemas alheios possam ser muito maiores que o seu e que você pode ajudá-los, de alguma forma, como por exemplo sendo apenas o ouvido que eles precisam. Assim como nós leitores somos o ouvido do Garoto, ele foi o ouvido para os seus amigos.
"A meu ver, uma das coisas mais difíceis é justamente conseguir achar alguém a quem você possa confiar seus medos, seus sonhos e suas fraquezas. Quando você encontra uma pessoa assim, e sente que ela também compartilha desse mesmo sentimento de cumplicidade, é algo maravilhoso e aí está toda a verdade do amor."
Eu queria ficar aqui falando com vocês sobre esse livro maravilhoso e que entrou certamente para o Top 5 da minha vida. E estou cogitando convidar o Vinícius Grossos para o Chá da Lailie com as autoras (aquele que vocês já conhecem, onde eu e minhas autoras de drama prediletas vamos passar a tarde conversando sobre a vida, amizade, amor sob os pontos de vista de cada uma) porque sério, já estou sentindo que ele, a Jojo e a Kristin serão melhores amigos gente.
E a Mara também gostou tanto do livro que me pediu licença para dar um pitaco aqui na resenha também:
Quando iniciei a leitura desse livro, já tinha uma simpatia tão grande pela historia mesmo sem ter lido uma pagina sequer. Me encantei com sua capa, suas páginas tão bem trabalhadas ( que trabalho incrível da Faro) e o autor, que conheci na Bienal, é aquele tipo de pessoa por quem você tem uma simpatia instantânea e quer manter em seu circulo de amizade para sempre. Quando terminei de ler esse livro eu tinha tantos pensamentos e sentimentos que não sabia nem como expressar, tem tanta frase ali escrita que me tocou de forma tão direta e real. Quem me conhece e sabe minha vida, ao ler OGQA vai entender o que quero dizer... Assim como a Hazel e o Gus se sentiram próximos daquele autor maluco porque se identificaram com a história daquele livro, me senti próxima do Vinicius por tudo que ele escreveu, (com um talento, uma sabedoria e uma qualidade ímpares diga-se de passagem), ou talvez viveu e colocou nesse livro lindo. São poucos autores que sabem como falar de assuntos tão tensos e fortes utilizando de uma leveza em seu texto e te deixando preso a leitura, mesmo sem querer. Finalizo meu comentário com uma das frases que mais me tocou e concordo: A vida é engraçada, por um instante estamos seguros e num piscar de olhos tudo desmorona". PS: Ainda preciso queimar minha página...rsrs
E gostaram da participação da Mara? Por hoje é isso, espero que vocês tenham gostado da resenha, e possam perceber o quanto ele foi importante pra mim e também estou contando com os comentários de quem já leu/quem vai ler para vir compartilhar comigo, sobre a sensação de quase ser atropelada.
"Apesar dos aborrecimentos, das dores, das lágrimas, havia, lá no fundo, misturado com tudo isso, a alegria, os sorrisos, os beijos e aquela sensação de se sentir quase atropelado. Era como poder, enfim, abrir os olhos e enxergar o mundo que estava à minha espera, me chamando para viver; me chamando para sentir. "
Um beijo enorme pra vocês e até a próxima!
* Para os interessados lá no meu perfil no Spotify, tem uma playlist com as músicas do livro (no nome playlist está o link para ouvir pela web, mas se quiser conferir pelo app) é só digitar: Lailie Winne > Playlists Públicas > O garoto quase atropelado. Eu fiz enquanto lia, porque gosto de ler ouvindo alguma coisa e como o livro tem uma playlist, achei prático. Volta e meia eu fico escutando pra lembrar e também porque as músicas são ótimas.